quarta-feira, 30 de junho de 2010

Os Processos de Ressignificação da Pirataria no Ciberespaço

Apresentação de Lianne e Milton
Comentário de Plínio e Renato

O texto aborda os conceitos de pirataria e a ressignificação do termo “pirataria” no ciberespaço. No início do texto a autora define pirataria como o ato de pegar uma coisa que não te pertence, de tomar posse e de algo que não é seu. Pirataria na visão do texto uma estrutura organizada, acessível e estruturada e que se tornou um hábito da população de vários países devido a sua facilidade. O texto aborda também a dificuldade de se controlar o ato da pirataria devido a complexidade de mapeamento das redes que ao contrário dos verdadeiros piratas dos séculos passados não possuem um lugar físico para se esconder e se reinventar já que o mapa da internet é impreciso. O termo pirataria vem da década de 60 quando jovens ingleses montaram uma rádio ilegal para mostrar um outro tipo de cultura fora do monopólio das rádios legais já que nelas eles não teriam espaço para a divulgação da sua arte. O governo inglês tirou a rádio do ar, já que a rádio atrapalhava os lucros da indústria cultural inglesa, e criou uma enorme repercussão da pirataria como um espírito de liberdade e de compartilhamento de conteúdos para os que tinham dificuldade de acesso a cultura e a população acabou criando um partido político que tem força em vários países pelo mundo. Na segunda parte o texto aborda a pirataria no ciberespaço onde os partidários do partido político da pirataria se denominam defensores do direito a informação, mostram a pirataria como um ato de liberdade e de quebra de monopólio mas já para a indústria cultural pirataria é crime e o que a incomoda é que a filosofia desse partido, mesmo não estando ligada ou lucro e sim a quebra de monopólio, tira o lucro da grande indústria fonográfica. A pirataria tem diversas motivações e algumas delas defendidas por uma parte da população já que para essa parte a prática da pirataria é a melhor forma de acesso ao conteúdo seja por facilidade de encontrar os produtos, pelo baixo preço e para uso próprio sem avistar o lucro. Para algumas pessoas a pirataria é a única forma de inclusão social. A pirataria no sentido de compartilhamento de conteúdo existe a muito mais tempo do que pensamos, quando antes eram gravadas fitas cassetes de músicas gravadas da rádio, quando eram passadas músicas do vinil para a fita cassete e quando esses atos praticados eram repassados para outra pessoa era cometido a pirataria, só que esse fato não atrapalhava a Indústria Fonográfica pois era feito em pequena escala, hoje em dia isso saiu do controle devido a facilidade que temos de encontrar mídias, baixar arquivos e passá-los adiante, fazendo com que a grande indústria combata essa prática.
No final do texto é citado as diferenças de motivação da pirataria: o comércio informal, a inadequação de arquivos, a exclusividade de conteúdo, a disponibilização via streaming, os processos de remixagem, a execução pública, a execução particular, a transferência de suporte, a difusão de conteúdo próprio e o leitor de livros. Também é definido os agentes da pirataria; o que vende, o que disponibiliza, o criativo e o que consome.
No debate em sala de aula foi citada várias vezes a ressignificação do termo PIRATARIA, já que ele pode ser usado em diferentes sentidos e pode ser praticado por diversos motivos. Coloca-se em questão: O fato de uma banda independente ou não colocar suas músicas para compartilhamento e downloads de graça, e de uma banda fazer cópia de suas próprias músicas e colocá-la a venda em camelôs, torna ela criminosa praticante da pirataria? Outra questão levantada foi: A pirataria na internet é diferente da pirataria dos camelôs? E para finalizar uma última questão: Para quem fica o prejuízo dos downloads de conteúdo?

Por Beatriz Masiero.

domingo, 6 de junho de 2010

Práticas colaborativas e plataformas de música online

Quem acompanha o que ocorre no mundo digital provavelmente já se deparou com discursos empolgados acerca das benesses da internet, especialmente no sentido de democratização, acesso ao conhecimento e a possibilidade de fazer com que cada usuário das mídias digitais seja ator na dinâmica de difusão de bens culturais na rede. Certamente esse entusiasmo torna-se evidente no campo da música onde ocorre uma espécie de subversão na conhecida (e obsoleta) lógica de produção, distribuição, consumo e retorno da opinião acerca do material apreciado, demonstrando na prática a lógica da colaboração na rede. Os impactos da web 2.0 no cotidiano promovendo novas interações, percepções de mundo e apropriações, especialmente culturais geram debates acalorados sobre a legitimidade de determinados pontos de vista, uns mais otimistas que outros (ver Lessig e P. Levy). Afinal, em que outro momento se viu tanta gente produzindo e divulgando conteúdo? No entanto, a dificuldade em filtrá-lo é cada vez maior, o que seria resultado da qualidade duvidosa do que é distribuído na rede, o que comprometeria a cultura (em termos estéticos) como um todo (ver Keen). Nesse aspecto, o direcionamento do que é interessante ou não toma forma nos nichos de indicação e consumo e um bom exemplo disso reside nas plataformas de música online, onde artistas divulgam trabalhos e entusiastas compartilham aquilo que admiram e gostariam que outros conhecessem. Last.fm, MySpace e Blip.fm são apenas algumas amostras das práticas de consumo e apreciação de música na internet, as quais guardam especificidades e finalidades adequadas, além de demonstrar as novas formas de construção de identidade dos sujeitos, tão marcada pelos perfis de redes sociais. Outro ponto interessante é a atribuição de valor a partir de determinados rótulos, flexibilizando um pouco a classificação musical mas ao mesmo tempo, delimitando subculturas de ouvintes. Um exemplo disso está nas tags criadas por usuários do Last.fm que não se restringem apenas aos usuais rock, pop, MPB ou eletrônica, mas se sofisticam em subgêneros como indietronica, power metal, post-rock, eletroclash – noções musicais construídas a partir da existência de cenas musicais específicas; ou ainda a criação de variantes que por vezes chegam a ser hilárias (que tal better than radiohead?), assim como a criação de páginas de determinados artistas acompanhadas de descrições curiosas acerca de seus trabalhos. O fato do usuário precisar pagar para ouvir as rádios muda um pouco a utilização, agora basicamente para estatísticas e informações sobre bandas e eventos, estes recomendados de acordo com o gosto musical.  Enquanto isso, o MySpace, tido como responsável por tirar do underground diversos artistas (embora muita gente questione esse argumento), seria uma espécie de plataforma mais profissional, onde são disponibilizadas músicas em streaming, a agenda de shows e outras informações relevantes, além de espaço para comentários de fãs, funcionando como uma rede social entre bandas – embora existam perfis pessoais, estes não são atrativos em termos de atualização. Por fim, o Blip.fm e sua interface análoga à lógica do Twitter permite que no momento em que "blipamos" uma música conheçamos outros DJs (como o usuário da rede social é designado) que gostam daquele artista, de maneira que possamos favoritá-lo e assim vermos as suas atualizações. Há ainda a atribuição de props, uma maneira de qualificar positivamente o gosto musical de um DJ , influindo na construção de uma hierarquia de usuários da rede, já que a quantidade de props recebida é visualizada no perfil; por fim as badges, estas obtidas através de frequência de uso, inserção de conteúdo, interação com os outros usuários e engajamento nesta mídia social, incentivando a competição e colaboração entre os usuários. Nesse cenário de novas possibilidades para descobrir e curtir música ainda há outros exemplos interessantes, como o mencionado em aula  The Hype Machine, Grooveshark  ou o Deezer, entre outros, partindo da idéia de rede social, construção de perfis e individualização do gosto musical, sem contar a opção de ouvir música em streaming, o que seria uma "ameaça" ao formato .mp3. O fato é que relacionadas às novas práticas ligadas ao consumo musical há interesses de gravadoras, artistas, provedores, fabricantes de eletrônicos, interferindo assim no aparente campo livre e democrático da rede. 

quinta-feira, 27 de maio de 2010

SMD - Uma nova mídia!

SMD - Semi Metalic Disc


Após alguns anos de intensas pesquisas, desenvolveu-se um conceito novo de reprodução musical, chamado Semi Metalic Disc (SMD), que com uma nova tecnologia, abordagem inovadora, criativa e rentável, reduziu o preço de comercialização de um Compact-Disc (CD) em quase 80%.
Com mudanças simples do padrão visual e garantia da qualidade da obra, aliadas a este método inovador de semi-metalização, o SMD visa disponibilizar a música à todos os cidadãos comuns por um preço justo. Sabemos que essas mudanças representam uma verdadeira revolução cultural. Tanto artistas independentes, como artistas de gravadoras e de selos fonográficos poderão ter seus discos prensados neste novo formato. O SMD preserva todos os direitos autorais.
O SMD (Semi Metalic Disc) é uma mídia 100% brasileira, e vem sendo um grande aliado na luta contra a pirataria no Brasil.

Produção


Os custos de produção do SMD são mais baixos, com descontos progressivos, permitindo que novos talentos sem patrocínios tenham suas obras lançadas no mercado. A fabricação do SMD é em média 30% mais barata que a do CD. Os SMDs são confeccionados nas mesmas fábricas dos CDs e tocam em qualquer aparelho, embora sua técnica de reprodução seja diferente da utilizada atualmente nos CDs.
As embalagens de acrílico foram substituídas por uma mais econômica e moderna - inquebrável, em papel cartão especial, com fechamento que facilita o armazenamento e garante a integridade da mídia. A ficha técnica e demais créditos podem ser impressos na própria capa, encarte, na revista ou no rótulo do SMD. A capacidade do SMD é de até 60 minutos de áudio (16/18 músicas).
Os SMDs podem ser produzidos em diversas cores e formatos, o que possibilita a utilização do produto em campanhas publicitárias ou que visem um público específico. Aliado a tecnologia, o objetivo do SMD é assegurar um preço baixo ao consumidor final, o que inibe o interesse do pirata e garante um maior volume de vendas para o artista.

Comercialização


Hoje, nos pontos de venda, o preço médio de um CD é R$ 19,00, fato este que impõe ao lojista uma margem de lucro inferior a 5%. Um pirata, por sua vez, sem qualquer custo, alheio ao pagamento de todo e qualquer tributo, vende um CD a R$ 5,00, com margem de lucro superior a 60%. Inviabilizando quase que totalmente a venda legal do CD. A lucratividade do lojista na venda do formato SMD é de 20%, mesmo preservando todos os diretos junto à pirâmide envolvida no processo de produção, fabricação, divulgação e comercialização.
O preço do SMD é impresso na capa, possuindo um preço fixo de comercialização, de forma que possa garantir o cunho social de combate à pirataria e acesso à cultura.

Tiragens/Distribuição


O artista tem a opção de produzir apenas o SMD, com tiragem mínima de 1.000 SMDs, que são vendidos à R$ 5,00. Ou pode optar pela Revista SMD (revista + SMD), com tiragem mínima de 1.000 Revistas SMD, que são vendidas à R$ 6,00 (na revista o artista pode inserir sua biografia, release, letras das músicas, patrocinadores, contatos, etc).
Se o artista quiser que seu trabalho seja distribuído nas bancas, a tiragem mínima é de 20.000 exemplares. Ele pode fazer também um número menor de Revistas SMD (1.000 exemplares por exemplo), e comercializá-las em seus shows, na divulgação do seu trabalho nas rádios, tvs e imprensa escrita. A distribuição do produto pode ser feita também pelas vias usuais (lojas de música e varejo), telemarketing, e-commerce, garantindo ao artista maior exposição da sua música.



Aqui vai uma pergunta que fiz à admnistração da empresa SMD em relação ao processo de "doação". Acho que é contestável esse ideal de "combate à pirataria"

”Gostei muito da idéia de combate à pirataria, e , por ideal artístico, gostaria de vender o trabalho (no caso o SMD) por "quanto a pessoa quiser pagar", ou seja, o comprador paga pelo SMD o quanto ele quiser, desde R$0,01 até R$X. Dessa maneira o ideal de combate à pirataria continua e o artísta comercializa sua obra de uma forma mais "pessoal": o que está sendo vendido, de fato, são as canções contidas no SMD, que não tem preço na vida das pessoas; o material(SMD, encarte, e caixa), que já pode ser calculado seu preço, é apenas o meio das pessoas terem acesso àquela obra, portanto, nada mais justo que cobrar pelo verdadeiro produto, que na sua essência, tem um valor diferente para cada pessoa. Podemos comercializar o SMD dessa forma?”

R: Obrigatório constar o preço R$ 5,00 (fonte tamanho 13pt) na capa da embalagem, na parte superior (lado esquerdo ou direito).

PS: Em caso de SMD Promocional, deverá constar o termo “SMD Grátis" ou "SMD Promocional".




Bom, é isso! Caso queiram mais detalhes é só entrar em www.portalsmd.com.br


Grande abraço, João Guarizo

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O novo mainstream da música regional: axé, brega, reggae e forró eletrônico no Nordeste

A reconfiguração pela qual passa, atualmente, a indústria fonográfica deve-se, além de inúmeros outros fatores, à digitalização da informação e avanços tecnológicos, que viabilizaram a entrada de novos agentes nesse mercado. Assim, estratégias alternativas de distribuição de fonogramas são cada vez mais presentes atualmente, o que potencializa o surgimento de nichos de mercado, com uma complexa rede de tendências e estilos musicais, nas mais diversas regiões do planeta. Dessa forma, em contrapartida ao chamado mainstream, surge, por volta da década de 1970, o fenômeno dos artistas indepententes, que se organizam em “gravadoras independentes” para ocupar as fatias do mercado que não são atingidas pelas chamadas majors. No entanto, o que podemos observar é que, com a formação desses novos nichos, fenômenos musicais notadamente periféricos e de baixo grau de circulação, vem alcançando sucesso comercial a partir de, por exemplo, novas estratégias de disponibilização gratuita de músicas na internet. Numa cultura globalizada, vê-se cada vez mais elementos regionais figurando como uma espécie de “novo mainstream” do mercado musical.

O texto trata especificamente do axé, brega, reggae e forró eletrônico no Nordeste. Nesse contexto, para o autor, a grande estratégia utilizada para o sucesso desses novos fenômenos é enfatizar a experiência sensorial proporcionada por eles. Esses estilos musicais são substancialmente vinculados ao publico jovem e à alegria contagiante do carnaval. Isso é associado a um imaginário repleto de simbologias relacionadas à juventude, com relações sociais festivas propícias a altas intensidades emotivas e sexuais. “Assim, a um evento de grande apelo corporal (festivo e erótico) e próprio para estabelecimento de estados alterados de consciência corresponde uma música de grande intensidade sonora (volumes no máximo, andamento acelerado e equipamentos de grande potência) que molda um ambiente de saturação característico de uma certa sensibilidade atual, num conjunto de características que colocam a axé music com enorme potencial de veiculação em larga escala”.

Em termos de conteúdo, o mesmo ocorre no caso do forró eletrônico. A estratégia de distribuição também é alternativa, mas difere da utilizada pelo axé. No entanto, assim como o axé, o sucesso do forró eletrônico parece ser também explicado a partir do momento que se considera o aspecto da experiência musical, principalmente com ênfase no público jovem. O autor cita a tríade festa-amor-sexo, que funciona como principal atrativo de jovens para o contexto da experiência social da música, sendo que todas as etapas de produção musical apontam para o show como evento central desse processo. Nesse sentido, “ dança, festa, desilusões amorosas, encontros sexuais (tanto aqueles corridos no interior de uma relação de um casal consolidado quanto os intencionalmente voláteis e eminentemente físicos, sem nenhum grau de afetividade) e bebida formam um conjunto de temáticas que constroem o ambiente afetivo do forró eletrônico endereçado aos jovens em festa”.

Por fim, o autor problematiza os termos “mainstream” e “independente”. De fato eles são controversos e muitas das vezes o que é dito independente se utiliza de estratégias de ação semelhantes ao mainstream para ganhar visibilidade. Ele propõe, então, a utilização do termo “alternativo”, pois pressupõe que mesmo uma expressão musical considerada periférica pode figurar entre as mais notáveis, que é o que caracteriza esse novo mainstream.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Quanto custa o gratuito? Aula do dia 12/05/2010

Quanto custa o gratuito? Tem por objetivo tratar do embate que ocorre entre tecnologia e indústria fonográfica (IF). A partir do pré conceito de que a tecnologia seria algo a servir a IF barateando os custos e agilizando a produção. Contudo, não foi o que ocorreu e ocorre devido a ganância de muitas dessas empresas tecnológicas que viram no negócio, de disponibilizar músicas para download, uma oportunidade para lucrar mais. Lançando, assim, produtos que comportassem tal tecnologia (ex: iPod). Ignorando o processo de produção e de gastos que gerados por este. De início, os lucros advindos dessa comercialização não eram repassados para a IF, o que ocasionou uma série de processos contra essas instituições tecnológicas. Percebendo que o lucro seria maior se não tivessem que viver pagando os processos, fruto da ilegalidade, e apenas firmassem um acordo de repassar uma parte dos valores, conseguidos com publicidade, para a IF. Como já sabemos, nem tudo que é gratuito é joinha, pelo contrário, tem todo um investimento capitalista e que ninguém se iluda mais com isso.

Sendo assim, o artigo explica e explicita o que é a Qtrax, o que ela representou no mercado da legalidade de baixar músicas; o que é DRM e como ele protege as músicas de serem compartilhadas e revolta os usuários; o fator da publicidade como algo que norteia o mundo da cultura musical, a partir do momento que os publicitários investem seu capital comprando um espaço de tempo nas rádios ou televisão e escolhem o que será tocado de acordo com o que acham que suas marcas representam. ; o cadastramento ativo e passivo dos usuários como uma roleta de acesso ilimitado/limitado ao conteúdo dos sites de download; E a IF e as redes sociais ( my space, you tube) que disponibilizam conteúdos de direitos da IF gratuitamente e seus recentes acordos de veiculação.

Abaixo temos a síntese das perguntas elaboradas pelo comentador, Thiago, para fomentar o debate já feito em sala.

1-Será que a guerra entre tecnologia e IF terminará? E o DRM acabará?

2-Como a empresa se utiliza do potencial das redes sócias?(you tube, my space)

3-O fato dos publicitários escolherem o que deve ser tocado influenciará na formação do gosto popular?

Considerações tiradas por alguns colegas de classe:

*A circulação física, CDs, diminuiu, mas as músicas continuam circulando.

* A transmissão ilegal dessas músicas ainda domina. Entretanto, é preciso lembrar que não é porque é grátis que é ilegal; e que a legalização vem ocorrendo. Exceto no Brasil que, ainda, não possui leis contra.

OBS: É importante ter em mente que esses dados relatados no texto, são referentes as majors. Pois as independentes possuem formas próprias de distribuição.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Merchan music

por Marcella Chartie (retirado da Revista Superinteressante)

Nova moda entre os artistas é fazer propaganda em clipes e letras de música - e receber cachê de grandes empresas.



“Imagina nóis de Audi, ou de Citroen/Indo aqui, indo ali/Só pam, de vai e vem.” Quando os Racionais MCs cantaram isso, não estavam fazendo merchan - só declarando seu amor sincero a certas marcas. Mas agora a prática se transformou em negócio: artistas pop estão recebendo para citar marcas em suas músicas e clipes. E já existe até uma agência de publicidade, a Kluger, que é especializada nisso e trabalhou com vários artistas (veja alguns exemplos nesta página). “É fundamental ser discreto. A integridade artística é mais importante do que o marketing”, acredita o dono da empresa, Adam Kluger. Será?

LADY GAGA
MÚSICA: Bad Romance
PATROCÍNIO: HP, Nemiroff, Heartbeats, Parrot, Nintendo, Carrera, Burberry, Alexander McQueen
TRECHO: Os produtos aparecem em várias partes do videoclipe. Até as roupas vestidas pela cantora são merchandising.

MARIAH CAREY
MÚSICA: Shake it Off
PATROCÍNIO: Louis Vuitton (bolsas)
TRECHO: Depois de uma briga com o namorado, ela canta: “Arrumei minhas coisas na Louis Vuitton”.

BRITNEY SPEARS
MÚSICA: Womanizer
PATROCÍNIO: Nokia
TRECHO: O celular Xpress Music aparece duas vezes durante o clipe (27s e 1min30).

P.DIDDY
MÚSICA: Can’t Nobody Hold me Down
PATROCÍNIO: Mercedes-Benz
TRECHO: “Tenho uma (Mercedes) Benz que ainda nem dirigi.”

KANYE WEST
MÚSICA:
Good Life
PATROCÍNIO: American Express
TRECHO: “Quando pegar meu cartão, vou voltar para Las Vegas.” Nessa parte, mostra um AmEx no clipe.

BLACK EYED PEAS
MÚSICA:
My Humps
PATROCÍNIO: Várias grifes de roupa
TRECHO: “Eles me compram tudo isso / Dolce & Gabbana, Fendi & NaDonna (D.Karan)”

PUSSYCAT DOLLS
MÚSICAS:
Baby Love, Stick wit’ You e Rio
PATROCÍNIO: Samsung, Nokia e Unilever
TRECHO: Mostra os produtos em clipes (e gravou uma música patrocinada pelo sabonete Caress).

fonte: http://super.abril.com.br/cultura/merchan-music-543558.shtml

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Desmistificando os argumentos da indústria fonográfica

Na semana passada, a IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica) lançou um relatório sobre a venda de músicas, chamando a atenção para a redução de 7% em suas vendas globais. A maior parte das matérias sobre o tema e o release da própria IFPI chamam a atenção para este dado, e colocam a pirataria física e a troca de arquivos pela internet como responsáveis por este cenário. No entanto, um outro importante dado foi deixado em segundo plano: em 13 países, inclusive no Brasil, o mercado de música cresceu em 2009. A federação da indústria alega que este crescimento é resultado do combate à pirataria nestes países, mas o jornalista Nate Anderson questiona este argumento, como podemos ver na seguinte matéria da revista A Rede, que reproduz as informações do portal Ars Technica:

28/04/2010 - A Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, na sigla em inglês) publicou hoje um release em que anuncia o lançamento de seu relatório sobre o mercado global de música, edição 2010, com números de 2009.

O estudo custa 550 libras esterlinas e o release publicado hoje não traz muitos números, mas afirma que a venda de música, apesar de ter caído 7% em termos globais, cresceu em 13 grandes mercados em 2009. Inclusive no Brasil. O IFPI tenta atribuir isso a políticas de combate ao compartilhamento de arquivos. E no artigo abaixo, publicado no portal Ars Technica, o jornalista Nate Anderson desmonta este argumento. Veja:

"Veja que surpreendente: as vendas da indústria fonográfica cresceram em 13 grandes mercados em 2009. Austrália, México, Coreia do Sul, Suécia, Grã Bretanha e Brasil estão entre os países que registraram crescimento na receita de vendas. E a indústria global de música afirma que isso é uma prova da necessidade de leis mais rígidas para combater a pirataria.

'Na Coreia do Sul e na Suécia, em particular, houve uma impressionante volta do crescimento', diz a Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, na sigla em inglês), 'demonstrando como um ambiente legal aprimorado pode ter um impacto benéfico sobre a venda legítima de música'.

Pode ser até verdade! Os dados, no entanto, são ambíguos. Na Suécia, uma lei de 2009 deu aos detentores de direitos autorais um mecanismo mediado pela Justiça para ter acesso aos nomes de pessoas acusadas de infringi-los e os administradores do Pirate Bay foram a julgamento. Mas essas duas táticas são usadas nos EUA há anos (lembra-se do caso Grokster e de todos aqueles processos de P2P contra indivíduos?). Então porque os Estados Unidos responderam pela maioria das perdas nas vendas globais dessa indústria em 2009, mesmo contando o crescimento da indústria da Suécia? O "ambiente legal aprimorado" na Suécia não pode ser a única resposta.

Como se explica o caso da Austrália? Naquele país, um juiz federal recentemente publicou um veredito de mais de 200 páginas no qual decide que os provedores de acesso e serviço não podem ser obrigados a agir a partir do recebimento de notificações de proprietários de direitos autorais e muito menos ter qualquer responsabilidade de desconectar usuários da internet. Ainda assim as vendas cresceram. O México não está atacando os usuários de P2P e as vendas lá também cresceram.

A solução legal preferida da indústria continua a ser a resposta gradual e ao fim a deconexão da internet, mas uma rápida olhada nos dados da IFPI não mostra nenhum grande motivo para adotar uma punição tão draconiana ao final do processo.

Na Coreia do Sul, primeiro país a implemetar uma lei de resposta gradual "three strikes" que desconecta pessoas que repetidas vezes compartilham arquivos, 30 mil notificações de infração foram enviadas no ano passado, mas nenhum sul-coreano foi desligado da internet. E as vendas cresceram.

Muitos provedores mandaram notificações a seus usuários em 2009, mas nenhum deles estava desconectando seus assinantes. Mesmo o recém aprovado Ato da Economia Digital não permite o desligamento de usuários por pelo menos mais um ano. Ainda assim as vendas cresceram.

A IFPI não lista a França entre os países onde as receitas cresceram... apesar do fato de a França ter aprovado a legislação de desconexão da internet mais rígida de toda a Europano ano passado. De fato, um estudo recente realizado na França mostrou que a pirataria pela internet na verdade aumentou desde que a Lei Hadopi foi aprovada, ainda que tenha migrado das redes P2P para os sites de download e de HTTP streaming.

Então, porque as vendas crescem? O ambiente legal pode ter algum efeito, mas novos modelos de negócios também têm impacto. Na Suécia, por exemplo, está o Spotify, um serviço de música que vive de anúncios e é superpopular na Europa. Mesmo a IFPI atribui o crescimento a uma combinação de mudanças na legislação e o 'lançamento de serviços populares e legítimos (não-piratas)'.

Ao ver este tipo de dado da indústria ano após ano, somos deixados com duas reflexões. Primeiro, a inovação é crucial - se se tornar mais fácil usar Hulu e Spotify do que fazer downloads de versões de programas de TV e música nas redes P2P e muitos piratas vão se legalizar.

Em segundo lugar, a indústria ultrapassou o 'three strikes' e ele já nem é mesmo necessário — as desconexões da internet geraram ondas enormes de descontentamento e não há relação clara entre essas leis e o aumento nas vendas. Uma tentativa de chegar a um acordo iria angariar apoio no mundo todo, assim como avisos e uma possível redução na velocidade da conexão ou uma multa pequena e apropriada como finm do processo (com acompanhamento judicial) iria contribuir muito para remover a máscara do anonimato no compartilhamento de arquivos. Muita gente ponderada teria apoiado essas medidas limitadas e com foco e se a indústria houvesse pretendido menos teria conseguido mais.

Em vez disso, a indústria vem com as desconexões e o ACTA. E se não consegue aprovar leis, começa a processar indivíduos (como a indústria fonográfica fez na Islândia e a de audiovisual fez na Austrália).

Mais de 30 países registraram taxas de crescimento de dois dígitos nas vendas de música no formato digital em 2009 (e em 17, o crescimento foi mais de 40%!) e 13 grandes mercados registraram crescimento de vendas em formatos analógicos e digitais. Assim, fica claro que a indústria fonográfica não está prestes a encolher até desaparecer. Ainda assim, o mercado diminuiu 7% no mundo inteiro, principalmente por conta dos EUA e do Japão. O presidente da IFPI, John Kennedy, acredita que seu negócio vai voltar a crescer, mas que isso depende de 'quão rápido os governos agirem contra a pirataria'."

sexta-feira, 30 de abril de 2010

A Globalização e o Mercado Fonográfico - Aula do dia 28/04.

As discussões atuais em torno do mercado fonográfico têm girado muito em torno da questão dos Direitos Autorais. As novas mídias e novas tecnologias simplificaram a troca de informações, de forma que a reconfiguração do mercado se deu de forma muito rápida, sem que as grandes corporações tivessem controle sobre os acontecimentos, e tampouco dando tempo para que elas se adaptassem.
Durante essa transformação, muito dinheiro foi perdido, os investimentos em artistas foram reduzidos, e o consumo de música vem perdendo seu caráter "massivo" para se transformar num mercado mais voltado para os "nichos". Os investimentos são reduzidos no sentido do alcance máximo, para se segmentarem. Com mídias provenientes da internet, como o Youtube e MySpace, ficou mais fácil para que novos músicos conseguissem alcançar e cativar o seu público sem depender de investimento bruto de grandes gravadoras, obtendo muitas vezes um bom retorno.
A estrutura das grandes empresas, por sua vez, também tem sofrido modificações. Reduziram seu número de contratados e lutam constantemente contra as mudanças que o mercado atual propõe. Processam o que consideram ilegal, disponibilizam downloads pagos em seus sites, mas ainda assim não têm obtido muito sucesso em suas iniciativas. Passaram a  terceirizar alguns serviços que antes eram feitos pela própria empresa, serviços como a produção musical, os estúdios, a fábrica e a distribuição física entraram nesse pacote. Toda essa reviravolta começa a ocorrer em meados da década de 90, quando a pirataria de CDs começou a incomodar muito o mercado fonográfico vigente, prevalecendo até hoje e desencadeando nessa reconfiguração do mercado musical, como disse Simone Pereira de Sá no texto trabalhado em aula, desencadeando entre as grandes gravadoras esta conhecida e discutida crise.
O que ocorre é que a configuração que dava a estas empresas o grande prestígio que tinham foi estabelecida por estas mesmas empresas perante um contexto comunicacional muito diferente do atual. O hábito de consumir o trabalho de músicos em blocos, começou com o Longplay na década de 40, antes dele, o consumo de música era feito de forma unitária, através das rádios e das apresentações dos artistas., mas tomou uma proporção tamanha, que desencadeou um fetiche por colecionar discos, CDs e DVDs. Um império foi criado e não está sabendo se adaptar ás novas condições estabelecidas, correndo o risco até de ruir. Com essas reconfigurações, empresas de outros setores, como o de telefonia, passam a se envolver diretamente com o mercado musical, já que as novas mídias implicam em novas formas de transmissão de dados que perpassam exatamente o universo dos telefones celulares, que têm cada vez mais funções além da comunicação pessoa-pessoa, sendo produtos e produtores do grande fenômeno da convergência midiática, que desencadeia em todas estas reconfigurações.
Nesse contexto, as antigas leis de direitos autorais se tornam obsoletas, ao não contemplarem a grande gama de novas tecnologias recém surgidas. Esta semana ocorreu na UFRJ, o Copyfight, um evento gratuito sobre propriedade intelectual e pirataria, que ocorreu no Pontão de Cultura Digital da ECO/UFRJ nos dias 28 e 29 de abril. Durante a tarde, os Laboratórios de Conhecimentos Livres ofereceram oficinas práticas em Pure Data e arte eletrônica, inteligências automatizadas, rádios livres e VJing. De noite, o Seminário discutiu temas como direito autoral, combate à pirataria, biopatentes e produção em rede na Internet. 
O filme "RIP, a remix manifesto", citado na aula, está disponível no link: 
 http://www.youtube.com/user/rodsk885#p/u/8/Ycdt1yW096g, para quem ainda não assistiu. 
Ele trata da questão dos direitos autorais, relacionando com o trabalho dos Djs, e as novas tecnologias. Perfeito para contextualizar a discussão que tivemos em sala. 

terça-feira, 13 de abril de 2010

Aula do dia 14/04

Vai ter aula amanhã? Se tiver, onde vai ser?

terça-feira, 6 de abril de 2010

Atrás de um Futuro

Matéria de Capa do Segundo Caderno – 31/03/2010.

Executivos, produtores e compositores procuram novos caminhos para a música. Por: Antonio Carlos Miguel.

O relatório divulgado pela Associação Brasileira de Produtores de Disco (ABPD), publicado recentemente, aponta para um crescimento da venda digital de música, porém esse aumento ainda é pequeno para compensar a perda no comércio de discos físicos, que registrou queda de 80% no mercado fonográfico brasileiro entre 2004 e 2008, segundo dados da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI), divulgados em janeiro de 2010.

Se a indústria enfrenta problemas, a criação não para. Com o barateamento dos custos de gravação, canções são produzidas a toda hora e distribuídas quase que instantaneamente na internet. A grande questão é como chegar ao público em meio às milhares de opções na rede? Quatro diferentes executivos e produtores brasileiros com passagens pela indústria tentam encontrar respostas à frente de sés negócios.

João Marcello Bôscoli

João Marcello Bôscoli insiste com a gravadora Trama, que criou há uma década e passou a distribuir música de graça na Trama Virtual. – Lançamos o lema “De graça pra você e remunerado para o artista” isso só é possível graças a patrocinadores o que permite que paguemos os direitos aos artistas que tiverem as músicas baixadas. Bôscoli, que não acredita na sobrevivência de suportes físicos, como o CD e o DVD, manterá a produção. – Ainda lançaremos 12 CDs e 12 DVDs em 2010, em 2009 eles corresponderam apenas a 12% da nossa receita.

Luis Calainho

O executivo Luis Calainho, que entrou na gravadora Sony no final dos anos 90, preferiu investir em outras empresas de entretenimento, hoje ele é sócio de sete empresas incluindo a rádio Sulamérica Paradiso e o Projeto Oi Noites Cariocas. – No fim da década de 90, quando a música na internet começou a crescer, a indústria não soube ler os sinais e foi contra esse fenômeno, na época fui voto vencido na gravadora. Agora ele acredita ser impossível recuperar os jovens consumidores que não criaram o hábito de freqüentar lojas de discos, já que historicamente, o consumidor jovem é o motor da indústria musical. Calainho está se preparando para lançar o selo Musiqueria - Estamos repensando o negócio, no selo artistas, fábrica, estúdio, um grupo de mídia e a empresa que distribui o disco serão sócios na operação. Isso já acontece, muitos artistas têm bancado a produção de seus discos e depois negociado a distribuição e o marketing com as gravadoras. A diferença, é que as gravadoras continuam com o modelo antigo argumenta Calainho, não considerando novas ferramentas de marketing como as redes sociais, por exemplo.

Ronaldo Bastos

Ronaldo Bastos, compositor, produtor e um dos sócios da Dubas Música, fundada há 15 anos, diz que atualmente a editora musical fatura mais que a gravadora, mas não desiste de produzir discos, vendidos em lojas ou na internet. (...) enquanto seu trabalho de reedições e coletâneas virou padrão no gênero, copiado por muitas gravadoras. – A Dubas já nasceu editora e tem uma experiência exemplar na administração e promoção de obras musicais. A partir de 2008, passamos a administrar o catálogo da 3Pontas, o que tornou a operação mais forte e constante. Bastos investe em edição desde 1970, quando criou a 3Pontas. – Por mais que a indústria fonográfica tenha feito escolhas erradas, seu papel continua importante, ela é necessária para a criação, compositores e artistas precisam desenvolver sua música e ser pagos por isso. Porque pagamos o bilhete do metrô, a água mineral e não vamos pagar a música que consumimos? Bastos também critica a postura do Estado, que considera equivocada. – A tarefa do Estado é desenvolver a cultura, e não financiar diretamente os artistas, porque isso cria um critério de favorecimento.

Felipe Llerena

Há dez anos, a empresa iMusica insiste na venda digital, tentando implantar no Brasil o bem sucedido modelo do iTunes, mas Felipe Llerena, diretor da iMusica admite que pouco se avançou nesse campo. Apesar de ter criado uma plataforma eficiente e assinado contrato com as principais gravadoras, o volume de vendas na internet ainda é pequeno. Por outro lado, não para de crescer no segmento dos celulares. – Atingimos um consumidor de perfil mais popular que cada vez mais vêm utilizando o celular como tocador de música. Já na internet ainda estamos atrás de um modelo rentável. A internet continua sendo o novo canal, não param de surgir novas ferramentas de sucesso, mas que ainda não pagam a conta. Outra questão é que hoje a oferta de música é maior que a demanda, como os novos artistas vão chegar ao público? Não encontramos um formato que se adapte a nova realidade, os contratos entre as gravadoras, artistas, compositores e produtores estão defasados. Mesmo ainda tateando por novos caminhos, há um consenso: Precisamos mudar.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

A estrutura da Indústria Fonográfica: a configuração das multinacionais: debate da aula do dia 30 de março

O debate da aula do dia 31 de março foi sobre o tema “A estrutura da Indústria Fonográfica: a configuração das multinacionais”. Para dar base ao debate o texto escolhido foi “Organização, crescimento e crise: a indústria fonográfica brasileira nas décadas de 60 e 70” cujo autor é Eduardo Vicente.

A apresentação do texto ficou a cargo dos alunos Paulo Vitor e João que destacaram alguns pontos importantes. Paulo explicou que o texto traz a configuração das indústrias fonográficas no momento da sua instalação no Brasil. Além disso, o texto faz uma análise das indústrias nacionais e as internacionais.

Paulo observou que nos 1940 e 1950 havia uma insipiência do consumo da cultura. A partir disso é possível ver nos anos 1960 e 1970 a consolidação do mercado cultural por intermédio, também, do crescimento dos meios de comunicação em massa. Paulo destacou também, nos anos de 1970, o regime da Ditadura Militar promoveu a ampliação da privatização da indústria fonográfica.

Paulo destacou alguns dados estatísticos das vendas da indústria fonográfica no Brasil de 1966 e 1979. Dentre os dados apresentados pelo autor, Paulo ressaltou alguns, como, em 1968 o crescimento foi de 50% em relação ao ano anterior. Isso se deve a criação do cassete, o barateamento dos aparelhos e o milagre econômico. João retifica a questão da disseminação dos meios de comunicação, como o rádio. Além disso, Paulo mostra que em 1969 o aumento foi de 3,1%; ele analisa que esse fato ocorreu em virtude do aumento do ano anterior. E em 1973, o aumento chega a 45%.

Paulo sinalizou que o autor fez um histórico de cada major e destacou que a sua inserção no país trouxe o crescimento da música internacional no país. Embora houvesse esse aumento do consumo de música internacional, nunca ocorreu a dominação total do mercado no Brasil. Isso se deve as apropriações culturais feitas pelos artistas brasileiros, como é o caso do rock nacional que ganhou força influenciado pelo rock internacional, assim como a Bossa Nova. Houve também um processo de americanização no qual os artistas brasileiros faziam versões para músicas internacionais ou interpretavam as versões originais, como é o caso do cantor Fábio Jr. e do Maicon Sulivan.

Paulo mostrou a observação que o autor faz a respeito da Lei de Incentivo a Cultura de 1967 que reduzia o valor do ICMS as indústrias que incentivassem a cultura nacional. Na página 118 há um comentário sobre essa lei; segundo ele, a lei incentivou a discrepância entre as neighbors e as domésticas.

Paulo diz que o autor conta a história dos compactos (ou singles) que eram vinis com duas faixas, no máximo, e que serviam com divulgadoras da música. Os compactos são os precursores dos LPs. O autor coloca o LP de coletânea com o instrumento para o crescimento da SOMLIVRE.

O autor colocou o embate entre os conglomerados e as nacionais. Segundo o autor, ocorreu um achatamento em relação às indústrias fonográficas nacionais e as majors. Para tentar sobreviver a isso, as nacionais se agregavam a artista de apelo popular (artista de marketing) já que as majors se apropriaram dos artistas com maior prestígio (artista de catálogo).

O autor conclui colocando que a tendência foi (e ainda é) apostar no mercado direcionado ao jovem.

Kioma ficou respondeu por trazer questões referentes ao texto. A primeira questão que ele expôs foi a respeito do aumento da privatização da indústria fonográfica na Ditadura Militar. Kioma questionou como se deu essa opção pela privatização cultural. A segunda questão levantada foi em relação os dados estatísticos das vendas da indústria fonográfica no Brasil. A pergunta é a seguinte: “Por que o nacional sempre esteve à frente do internacional?”. Algumas possíveis explicações foram colocadas: O medo dos postos de venda em arriscar em produtos que eles não sabiam como seria o retorno; o produto nacional era mais seguro em relação às vendas; a população tinha uma alta taxa de analfabetismo e a língua estrangeira se tornava um limitador para esse público; Kioma ainda ressaltou a diferenciação entre a música internacional e a nacional. Para ele, a música internacional era para o consumo, ou seja, era uma música ouvia nas boates, nas festas, mas não tinha impacto tão forte sobre o público. E a música nacional era pro uso, ou seja, seu poder de impacto era maior, logo, as pessoas compravam mais esse produto. Além disso, havia uma política de identidade nacional e as novelas que, através da trilha sonora, incentivava o consumo das músicas nacionais.

sexta-feira, 26 de março de 2010

PROGRAMA DAS AULAS


Módulo I – Indústria fonográfica: da configuração à reconfiguração

O módulo I tem por objetivo traçar um panorama do desenvolvimento da indústria fonográfica e seus desdobramentos no Brasil, abordando suas principais transformações históricas e no seu processo de produção. Serão apresentadas também as relações entre atores-chave do setor: as indústrias de hardware e as indústrias de software, as gravadoras majors e selos/gravadoras independentes, os artistas e as gravadoras. As questões apresentadas nos ajudam também a debater: o que significa a tão disseminada crise da indústria fonográfica?

Aula II (24/03) - Panorama geral: estudos de música no Brasil

Discutir a presença e importância da música no cotidiano da sociedade contemporânea e apresentar de forma breve como a música é abordada a partir de diferentes perspectivas teóricas. A música pela ótica da Economia Política da Comunicação, da Antropologia, dos Estudos Culturais, da História/Memória e da Economia da Cultura.

Aula III (31/03) - A estrutura da indústria fonográfica: a configuração das multinacionais

Apresentar um panorama da indústria fonográfica e seus reflexos no Brasil, seu surgimento e as principais transformações ocorridas em sua configuração, assim como a relação entre a indústria de tecnologia e a indústria fonográfica (ou indústria de hardware e indústria de software).

Aula IV (07/04) - A indústria fonográfica no contexto da globalização

Aprofundar o debate sobre a indústria fonográfica no contexto da globalização, a manutenção ou crise do modelo que aglutina "artistas de catálogo" e "artistas de marketing", a flexibilização e terceirização da produção e a relação com as gravadoras e os selos independentes.

Aula V (14/04) - A produção independente

Traçar um panorama da chamada produção independente no mundo e no Brasil, discutir o conceito de indústria cultural, o conceito de independente e de que forma as autodenominadas independentes constroem o seu discurso em oposição ao conceito de indústria cultural. Análise do caso Biscoito Fino.

Aula VI (28/04) - Gêneros regionais: especificidades da indústria fonográfica brasileira

Discutir a relação entre a cultura regional e a indústria fonográfica, entre a produção nacional e a produção global e debater as perspectivas de fomento à cultura local/regional/nacional como forma de desenvolvimento.


Módulo II – Indústria musical: novos modelos de negócio

O módulo II tem como objetivo discutir os conceitos e os debates que giram em torno dos novos modelos de negócios propiciados pela maior disseminação e pelo barateamento das novas tecnologias de informação e de comunicação, bem como discutir os principais desafios colocados a estes modelos: a sustentabilidade, a informalidade e a diversificação da produção. Neste cenário, novos conceitos e campos de conhecimento - como indústria criativa, indústria do entretenimento, economia da cultura - procuram analisar a produção cultural a partir de novos indicadores, que possam inclusive subsidiar políticas públicas na área de cultura.

Aula VII (05/05) – Para além do mercado tradicional

Introduzir os conceitos e os debates que giram em torno dos novos modelos de negócios musicais, a descentralização da produção, a cultura como estratégia de desenvolvimento e como direito humano, bem como os discursos que negam a dimensão mercadológica da cultura do compartilhamento. A discussão deve ser acompanhada da análise de casos.

Aula IX (19/05) – Open Business Models: mudanças no paradigma do copyright

Discutir o conceito de Open Business Models a partir da análise do Tecnobrega e de outros casos similares no Brasil e no mundo.

Aula X (26/05) Práticas colaborativas: os usos da música em rede

Discutir a relação entre os novos modelos de negócios, o ideal do compartilhamento livre de música e as estratégias para a reestruturação da indústria fonográfica.


Módulo III – Propriedade intelectual: a grande fonte de disputa nos dias de hoje

O objetivo do módulo III é discutir um dos temas mais importantes no debate da Economia Política nos dias de hoje: a propriedade intelectual. Quais os novos desafios impostos ao direito autoral diante da maior facilidade de reprodução e compartilhamento de informações e bens culturais propiciada pelas novas tecnologias? Como conciliar o direito autoral e o direito de acesso à informação, à educação e à cultura? Como se constitui o debate público sobre a pirataria e quais são ações e políticas governamentais para regulamentação da internet, da propriedade intelectual e do combate à pirataria? Quais são as relações entre governo e indústrias na construção do discurso e do combate à pirataria?

Aula XI (02/06) – Propriedade intelectual e as novas formas de licenciamento

Discutir os novos desafios impostos ao direito autoral diante da maior facilidade de reprodução e compartilhamento de informações e bens culturais propiciada pelas novas tecnologias. São apresentados modelos alternativos às formas de licenciamento previstas na legislação autoral brasileira, entre eles o Creative Commons, o Copyleft e a Licença Arte Livre. Sem procurar se estender no âmbito jurídico destas licenças, o objetivo da aula é agregar à discussão sobre direito autoral a discussão sobre direito de acesso à informação, à educação e à cultura, tópicos essenciais na compreensão da cultura de compartilhamento nas redes ditas colaborativas, e instrumentalizar os alunos para a adoção de licenças flexíveis em suas ações na rede.

Aula XII (09/06) A crise da indústria fonográfica e a pirataria

Discutir as ações e políticas governamentais para regulamentação da internet, da propriedade intelectual e do combate à pirataria, e as relações estabelecidas entre o governo e a iniciativa privada na realização dessas ações. Apresentar também como vem se constituindo o debate público sobre o assunto, com o objetivo de desnaturalizar algumas informações sobre a pirataria que têm dificultado o aprofundamento do debate sobre os custos e benefícios econômicos e sociais das diversas políticas nessa área. Fazendo a relação entre os novos modelos de negócios praticados com a ajuda das novas tecnologias e a indústria cultural, a sessão visa também discutir as novas estratégias adotadas pelas grandes indústrias culturais para sair da suposta crise que estariam vivenciando.

Aula XIII (16/06) – A indústria da música e a regulamentação da internet no Brasil

Discutir o conceito de “Governança da Internet” e os marcos regulatórios que podem equilibrar o direito de autor e os direitos de acesso à cultura e à informação. Apresentar e discutir as medidas restritivas ao uso da rede que vêm sendo elaboradas em todo o mundo, com reflexos no Brasil.

Aula XIV(23/06) - Seminário

Aula XV (30/06) - Seminário

PROGRAMA DA DISCIPLINA


Ementa
:


Fundamentos políticos e econômicos da indústria fonográfica. O fonógrafo e a criação da indústria fonográfica. A indústria fonográfica, o pop e a cultura de massas. Tecnologias da comunicação e a construção da indústria fonográfica: rádio, TV e Internet. O problema dos direitos autorais. Novos agentes e os desafios à indústria fonográfica tradicional: a tecnologia digital, a pirataria, as gravadoras independentes e a troca de arquivos na Internet. A indústria fonográfica brasileira.


Objetivos:


Promover uma reflexão sobre a formação e as transformações da indústria fonográfica e o processo de reconfiguração pelo qual os negócios ligados à música passam nos dias atuais, associados ao desenvolvimento de novas tecnologias e a mudanças no modo de produção na atual fase do capitalismo.


Além disso, a partir dos conceitos discutidos, o aluno deverá
estar habilitado a analisar de forma crítica os modelos de inserção no mercado e ser capaz de elaborar um projeto de distribuição e promoção de artistas.


Outro objetivo é a criação de um blog da disciplina em que serão feitos os registros das principais ideias, conceitos e questões debatidas em aula, como forma de sistematizar os debates e ampliá-lo para além da sala de aula.


Metodologia:

As aulas serão divididas em duas partes, a primeira parte expositivo-dialogada e outra de debate. Na primeira parte, os professores farão a exposição do tema da aula e dos principais conceitos em questão. Na segunda parte, haverá um debate em torno de um texto previamente selecionado, no seguinte formato: uma breve exposição sobre o texto feita por um aluno apresentador, seguida de debate com a participação obrigatória dos alunos comentadores e colaboradores.

Obs.: Em algumas aulas previamente acordadas, podemos inverter a ordem das apresentações, ou seja, colocar o debate na primeira parte e a exposição-dialogada na segunda, como forma de aproveitar melhor a reflexão em torno do tema da aula.


Avaliação:

A avaliação será dividida em quatro atividades, cada uma valendo o peso descrito na tabela abaixo. As duas primeiras atividades têm peso peso 4 (2 pontos para cada) e corresponde à participação nos debates de aula em que cada aluno exercerá dois dos três seguintes papéis: apresentador, comentador e colaborador. No debate, que acontecerá na segunda metade de cada aula, caberá a cada um destes as funções descritas abaixo:


Apresentador: aluno responsável por apresentar o texto escolhido previamente para o debate.

Comentadores (2 por aula): aluno responsável pelo fomento do debate. Deve realizar ao menos 3 questões em torno do texto apresentado. É desejável que ele traga também exemplos para ilustrar o debate.

Colaborador: Aluno responsável pelo registro do debate e pela publicação do resumo do mesmo no blog da disciplina.



A terceira atividade tem peso 1 e consiste em participações voluntárias no blog e nas aulas, durante todo o curso.


A quarta atividade tem peso 5 e consiste na entrega do trabalho final escrito e na sua apresentação em forma de seminário. Os alunos, divididos em grupos, deverão escolher um músico, uma banda ou uma empresa de música para desenvolver UMA das seguintes opções, tendo como base os textos de leitura obrigatória:

(a) fazer uma análise crítica do modelo de inserção no mercado.
(b) elaborar um projeto de distribuição e promoção.

A avaliação se dará pela participação nos 3 papéis descritos abaixo, mais a realização do trabalho final.