sexta-feira, 30 de abril de 2010

A Globalização e o Mercado Fonográfico - Aula do dia 28/04.

As discussões atuais em torno do mercado fonográfico têm girado muito em torno da questão dos Direitos Autorais. As novas mídias e novas tecnologias simplificaram a troca de informações, de forma que a reconfiguração do mercado se deu de forma muito rápida, sem que as grandes corporações tivessem controle sobre os acontecimentos, e tampouco dando tempo para que elas se adaptassem.
Durante essa transformação, muito dinheiro foi perdido, os investimentos em artistas foram reduzidos, e o consumo de música vem perdendo seu caráter "massivo" para se transformar num mercado mais voltado para os "nichos". Os investimentos são reduzidos no sentido do alcance máximo, para se segmentarem. Com mídias provenientes da internet, como o Youtube e MySpace, ficou mais fácil para que novos músicos conseguissem alcançar e cativar o seu público sem depender de investimento bruto de grandes gravadoras, obtendo muitas vezes um bom retorno.
A estrutura das grandes empresas, por sua vez, também tem sofrido modificações. Reduziram seu número de contratados e lutam constantemente contra as mudanças que o mercado atual propõe. Processam o que consideram ilegal, disponibilizam downloads pagos em seus sites, mas ainda assim não têm obtido muito sucesso em suas iniciativas. Passaram a  terceirizar alguns serviços que antes eram feitos pela própria empresa, serviços como a produção musical, os estúdios, a fábrica e a distribuição física entraram nesse pacote. Toda essa reviravolta começa a ocorrer em meados da década de 90, quando a pirataria de CDs começou a incomodar muito o mercado fonográfico vigente, prevalecendo até hoje e desencadeando nessa reconfiguração do mercado musical, como disse Simone Pereira de Sá no texto trabalhado em aula, desencadeando entre as grandes gravadoras esta conhecida e discutida crise.
O que ocorre é que a configuração que dava a estas empresas o grande prestígio que tinham foi estabelecida por estas mesmas empresas perante um contexto comunicacional muito diferente do atual. O hábito de consumir o trabalho de músicos em blocos, começou com o Longplay na década de 40, antes dele, o consumo de música era feito de forma unitária, através das rádios e das apresentações dos artistas., mas tomou uma proporção tamanha, que desencadeou um fetiche por colecionar discos, CDs e DVDs. Um império foi criado e não está sabendo se adaptar ás novas condições estabelecidas, correndo o risco até de ruir. Com essas reconfigurações, empresas de outros setores, como o de telefonia, passam a se envolver diretamente com o mercado musical, já que as novas mídias implicam em novas formas de transmissão de dados que perpassam exatamente o universo dos telefones celulares, que têm cada vez mais funções além da comunicação pessoa-pessoa, sendo produtos e produtores do grande fenômeno da convergência midiática, que desencadeia em todas estas reconfigurações.
Nesse contexto, as antigas leis de direitos autorais se tornam obsoletas, ao não contemplarem a grande gama de novas tecnologias recém surgidas. Esta semana ocorreu na UFRJ, o Copyfight, um evento gratuito sobre propriedade intelectual e pirataria, que ocorreu no Pontão de Cultura Digital da ECO/UFRJ nos dias 28 e 29 de abril. Durante a tarde, os Laboratórios de Conhecimentos Livres ofereceram oficinas práticas em Pure Data e arte eletrônica, inteligências automatizadas, rádios livres e VJing. De noite, o Seminário discutiu temas como direito autoral, combate à pirataria, biopatentes e produção em rede na Internet. 
O filme "RIP, a remix manifesto", citado na aula, está disponível no link: 
 http://www.youtube.com/user/rodsk885#p/u/8/Ycdt1yW096g, para quem ainda não assistiu. 
Ele trata da questão dos direitos autorais, relacionando com o trabalho dos Djs, e as novas tecnologias. Perfeito para contextualizar a discussão que tivemos em sala. 

terça-feira, 13 de abril de 2010

Aula do dia 14/04

Vai ter aula amanhã? Se tiver, onde vai ser?

terça-feira, 6 de abril de 2010

Atrás de um Futuro

Matéria de Capa do Segundo Caderno – 31/03/2010.

Executivos, produtores e compositores procuram novos caminhos para a música. Por: Antonio Carlos Miguel.

O relatório divulgado pela Associação Brasileira de Produtores de Disco (ABPD), publicado recentemente, aponta para um crescimento da venda digital de música, porém esse aumento ainda é pequeno para compensar a perda no comércio de discos físicos, que registrou queda de 80% no mercado fonográfico brasileiro entre 2004 e 2008, segundo dados da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI), divulgados em janeiro de 2010.

Se a indústria enfrenta problemas, a criação não para. Com o barateamento dos custos de gravação, canções são produzidas a toda hora e distribuídas quase que instantaneamente na internet. A grande questão é como chegar ao público em meio às milhares de opções na rede? Quatro diferentes executivos e produtores brasileiros com passagens pela indústria tentam encontrar respostas à frente de sés negócios.

João Marcello Bôscoli

João Marcello Bôscoli insiste com a gravadora Trama, que criou há uma década e passou a distribuir música de graça na Trama Virtual. – Lançamos o lema “De graça pra você e remunerado para o artista” isso só é possível graças a patrocinadores o que permite que paguemos os direitos aos artistas que tiverem as músicas baixadas. Bôscoli, que não acredita na sobrevivência de suportes físicos, como o CD e o DVD, manterá a produção. – Ainda lançaremos 12 CDs e 12 DVDs em 2010, em 2009 eles corresponderam apenas a 12% da nossa receita.

Luis Calainho

O executivo Luis Calainho, que entrou na gravadora Sony no final dos anos 90, preferiu investir em outras empresas de entretenimento, hoje ele é sócio de sete empresas incluindo a rádio Sulamérica Paradiso e o Projeto Oi Noites Cariocas. – No fim da década de 90, quando a música na internet começou a crescer, a indústria não soube ler os sinais e foi contra esse fenômeno, na época fui voto vencido na gravadora. Agora ele acredita ser impossível recuperar os jovens consumidores que não criaram o hábito de freqüentar lojas de discos, já que historicamente, o consumidor jovem é o motor da indústria musical. Calainho está se preparando para lançar o selo Musiqueria - Estamos repensando o negócio, no selo artistas, fábrica, estúdio, um grupo de mídia e a empresa que distribui o disco serão sócios na operação. Isso já acontece, muitos artistas têm bancado a produção de seus discos e depois negociado a distribuição e o marketing com as gravadoras. A diferença, é que as gravadoras continuam com o modelo antigo argumenta Calainho, não considerando novas ferramentas de marketing como as redes sociais, por exemplo.

Ronaldo Bastos

Ronaldo Bastos, compositor, produtor e um dos sócios da Dubas Música, fundada há 15 anos, diz que atualmente a editora musical fatura mais que a gravadora, mas não desiste de produzir discos, vendidos em lojas ou na internet. (...) enquanto seu trabalho de reedições e coletâneas virou padrão no gênero, copiado por muitas gravadoras. – A Dubas já nasceu editora e tem uma experiência exemplar na administração e promoção de obras musicais. A partir de 2008, passamos a administrar o catálogo da 3Pontas, o que tornou a operação mais forte e constante. Bastos investe em edição desde 1970, quando criou a 3Pontas. – Por mais que a indústria fonográfica tenha feito escolhas erradas, seu papel continua importante, ela é necessária para a criação, compositores e artistas precisam desenvolver sua música e ser pagos por isso. Porque pagamos o bilhete do metrô, a água mineral e não vamos pagar a música que consumimos? Bastos também critica a postura do Estado, que considera equivocada. – A tarefa do Estado é desenvolver a cultura, e não financiar diretamente os artistas, porque isso cria um critério de favorecimento.

Felipe Llerena

Há dez anos, a empresa iMusica insiste na venda digital, tentando implantar no Brasil o bem sucedido modelo do iTunes, mas Felipe Llerena, diretor da iMusica admite que pouco se avançou nesse campo. Apesar de ter criado uma plataforma eficiente e assinado contrato com as principais gravadoras, o volume de vendas na internet ainda é pequeno. Por outro lado, não para de crescer no segmento dos celulares. – Atingimos um consumidor de perfil mais popular que cada vez mais vêm utilizando o celular como tocador de música. Já na internet ainda estamos atrás de um modelo rentável. A internet continua sendo o novo canal, não param de surgir novas ferramentas de sucesso, mas que ainda não pagam a conta. Outra questão é que hoje a oferta de música é maior que a demanda, como os novos artistas vão chegar ao público? Não encontramos um formato que se adapte a nova realidade, os contratos entre as gravadoras, artistas, compositores e produtores estão defasados. Mesmo ainda tateando por novos caminhos, há um consenso: Precisamos mudar.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

A estrutura da Indústria Fonográfica: a configuração das multinacionais: debate da aula do dia 30 de março

O debate da aula do dia 31 de março foi sobre o tema “A estrutura da Indústria Fonográfica: a configuração das multinacionais”. Para dar base ao debate o texto escolhido foi “Organização, crescimento e crise: a indústria fonográfica brasileira nas décadas de 60 e 70” cujo autor é Eduardo Vicente.

A apresentação do texto ficou a cargo dos alunos Paulo Vitor e João que destacaram alguns pontos importantes. Paulo explicou que o texto traz a configuração das indústrias fonográficas no momento da sua instalação no Brasil. Além disso, o texto faz uma análise das indústrias nacionais e as internacionais.

Paulo observou que nos 1940 e 1950 havia uma insipiência do consumo da cultura. A partir disso é possível ver nos anos 1960 e 1970 a consolidação do mercado cultural por intermédio, também, do crescimento dos meios de comunicação em massa. Paulo destacou também, nos anos de 1970, o regime da Ditadura Militar promoveu a ampliação da privatização da indústria fonográfica.

Paulo destacou alguns dados estatísticos das vendas da indústria fonográfica no Brasil de 1966 e 1979. Dentre os dados apresentados pelo autor, Paulo ressaltou alguns, como, em 1968 o crescimento foi de 50% em relação ao ano anterior. Isso se deve a criação do cassete, o barateamento dos aparelhos e o milagre econômico. João retifica a questão da disseminação dos meios de comunicação, como o rádio. Além disso, Paulo mostra que em 1969 o aumento foi de 3,1%; ele analisa que esse fato ocorreu em virtude do aumento do ano anterior. E em 1973, o aumento chega a 45%.

Paulo sinalizou que o autor fez um histórico de cada major e destacou que a sua inserção no país trouxe o crescimento da música internacional no país. Embora houvesse esse aumento do consumo de música internacional, nunca ocorreu a dominação total do mercado no Brasil. Isso se deve as apropriações culturais feitas pelos artistas brasileiros, como é o caso do rock nacional que ganhou força influenciado pelo rock internacional, assim como a Bossa Nova. Houve também um processo de americanização no qual os artistas brasileiros faziam versões para músicas internacionais ou interpretavam as versões originais, como é o caso do cantor Fábio Jr. e do Maicon Sulivan.

Paulo mostrou a observação que o autor faz a respeito da Lei de Incentivo a Cultura de 1967 que reduzia o valor do ICMS as indústrias que incentivassem a cultura nacional. Na página 118 há um comentário sobre essa lei; segundo ele, a lei incentivou a discrepância entre as neighbors e as domésticas.

Paulo diz que o autor conta a história dos compactos (ou singles) que eram vinis com duas faixas, no máximo, e que serviam com divulgadoras da música. Os compactos são os precursores dos LPs. O autor coloca o LP de coletânea com o instrumento para o crescimento da SOMLIVRE.

O autor colocou o embate entre os conglomerados e as nacionais. Segundo o autor, ocorreu um achatamento em relação às indústrias fonográficas nacionais e as majors. Para tentar sobreviver a isso, as nacionais se agregavam a artista de apelo popular (artista de marketing) já que as majors se apropriaram dos artistas com maior prestígio (artista de catálogo).

O autor conclui colocando que a tendência foi (e ainda é) apostar no mercado direcionado ao jovem.

Kioma ficou respondeu por trazer questões referentes ao texto. A primeira questão que ele expôs foi a respeito do aumento da privatização da indústria fonográfica na Ditadura Militar. Kioma questionou como se deu essa opção pela privatização cultural. A segunda questão levantada foi em relação os dados estatísticos das vendas da indústria fonográfica no Brasil. A pergunta é a seguinte: “Por que o nacional sempre esteve à frente do internacional?”. Algumas possíveis explicações foram colocadas: O medo dos postos de venda em arriscar em produtos que eles não sabiam como seria o retorno; o produto nacional era mais seguro em relação às vendas; a população tinha uma alta taxa de analfabetismo e a língua estrangeira se tornava um limitador para esse público; Kioma ainda ressaltou a diferenciação entre a música internacional e a nacional. Para ele, a música internacional era para o consumo, ou seja, era uma música ouvia nas boates, nas festas, mas não tinha impacto tão forte sobre o público. E a música nacional era pro uso, ou seja, seu poder de impacto era maior, logo, as pessoas compravam mais esse produto. Além disso, havia uma política de identidade nacional e as novelas que, através da trilha sonora, incentivava o consumo das músicas nacionais.