quarta-feira, 19 de maio de 2010

O novo mainstream da música regional: axé, brega, reggae e forró eletrônico no Nordeste

A reconfiguração pela qual passa, atualmente, a indústria fonográfica deve-se, além de inúmeros outros fatores, à digitalização da informação e avanços tecnológicos, que viabilizaram a entrada de novos agentes nesse mercado. Assim, estratégias alternativas de distribuição de fonogramas são cada vez mais presentes atualmente, o que potencializa o surgimento de nichos de mercado, com uma complexa rede de tendências e estilos musicais, nas mais diversas regiões do planeta. Dessa forma, em contrapartida ao chamado mainstream, surge, por volta da década de 1970, o fenômeno dos artistas indepententes, que se organizam em “gravadoras independentes” para ocupar as fatias do mercado que não são atingidas pelas chamadas majors. No entanto, o que podemos observar é que, com a formação desses novos nichos, fenômenos musicais notadamente periféricos e de baixo grau de circulação, vem alcançando sucesso comercial a partir de, por exemplo, novas estratégias de disponibilização gratuita de músicas na internet. Numa cultura globalizada, vê-se cada vez mais elementos regionais figurando como uma espécie de “novo mainstream” do mercado musical.

O texto trata especificamente do axé, brega, reggae e forró eletrônico no Nordeste. Nesse contexto, para o autor, a grande estratégia utilizada para o sucesso desses novos fenômenos é enfatizar a experiência sensorial proporcionada por eles. Esses estilos musicais são substancialmente vinculados ao publico jovem e à alegria contagiante do carnaval. Isso é associado a um imaginário repleto de simbologias relacionadas à juventude, com relações sociais festivas propícias a altas intensidades emotivas e sexuais. “Assim, a um evento de grande apelo corporal (festivo e erótico) e próprio para estabelecimento de estados alterados de consciência corresponde uma música de grande intensidade sonora (volumes no máximo, andamento acelerado e equipamentos de grande potência) que molda um ambiente de saturação característico de uma certa sensibilidade atual, num conjunto de características que colocam a axé music com enorme potencial de veiculação em larga escala”.

Em termos de conteúdo, o mesmo ocorre no caso do forró eletrônico. A estratégia de distribuição também é alternativa, mas difere da utilizada pelo axé. No entanto, assim como o axé, o sucesso do forró eletrônico parece ser também explicado a partir do momento que se considera o aspecto da experiência musical, principalmente com ênfase no público jovem. O autor cita a tríade festa-amor-sexo, que funciona como principal atrativo de jovens para o contexto da experiência social da música, sendo que todas as etapas de produção musical apontam para o show como evento central desse processo. Nesse sentido, “ dança, festa, desilusões amorosas, encontros sexuais (tanto aqueles corridos no interior de uma relação de um casal consolidado quanto os intencionalmente voláteis e eminentemente físicos, sem nenhum grau de afetividade) e bebida formam um conjunto de temáticas que constroem o ambiente afetivo do forró eletrônico endereçado aos jovens em festa”.

Por fim, o autor problematiza os termos “mainstream” e “independente”. De fato eles são controversos e muitas das vezes o que é dito independente se utiliza de estratégias de ação semelhantes ao mainstream para ganhar visibilidade. Ele propõe, então, a utilização do termo “alternativo”, pois pressupõe que mesmo uma expressão musical considerada periférica pode figurar entre as mais notáveis, que é o que caracteriza esse novo mainstream.

Um comentário:

  1. Olá, Milton. Fatou dizer os nomes dos autores do texto, Felipe Trotta e Márcio Monteiro. Publicado na revista e-Compós: www.e-compos.org.br.
    Abraços!

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